Jaqueline Belmudes
Psicóloga Clínica Perinatal e Parental
Psicóloga clínica, formada pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), especializada em perinatalidade e parentalidade. Atua também como educadora parental e familiar em sono infantil, oferecendo apoio emocional e orientação especializada para famílias durante a gestação, o pós-parto e nas questões relacionadas ao desenvolvimento saudável do sono das crianças.
Perguntas respondidas
"Quando o choro noturno é motivo de preocupação?"
De modo geral, bebês choram para se comunicar, expressando alguma necessidade não atendida, mas também para aliviar algum estresse comum do desenvolvimento e que pode ter sido experienciado no decorrer do seu dia.
Observar necessidades como fome, aconchego, calor, frio, desconforto gastrointestinal, possíveis dores é o primeiro passo. Além disso, pode ser importante conversar com o pediatra para uma melhor análise do contexto e entendendo assim o que é comum ao desenvolvimento e o que precisa de uma atenção específica de cuidado.
O choro, pode de alguma forma, ser um gatilho para disparar dores emocionais dos pais, nesse sentido, cuidar das próprias emoções podem trazer uma parentalidade mais leve e com menos culpa.
"O que é o efeito vulcânico no sono do bebê?"
O efeito vulcânico ocorre quando o bebê acumula excesso de cortisol, o hormônio do estresse. O sono é regulado pelo ciclo circadiano e pela pressão de sono. Pela manhã, essa pressão é baixa e aumenta ao longo do dia. Se o bebê não faz sonecas suficientes para aliviar essa pressão, o corpo produz mais cortisol para mantê-lo alerta. Isso dificulta o relaxamento e o adormecer, deixando o bebê mais agitado.
As dicas usadas para a "hora da bruxa" também ajudam aqui, como o uso de slings, passeios tranquilos ou música suave. Um banho morno pode ser um bom aliado para ajudar o bebê a se acalmar.
"O que fazer se meu bebê não aceita ir com nenhuma outra pessoa?"
O bebê inicialmente só conhece profundamente a voz e o cheiro da mãe. A mãe é o ambiente seguro para o bebê e por isso essa preferência irresistível.
O mundo do bebê precisa ter e conhecer também outras referências, como o pai, avó, outros cuidadores e para isso, será necessário a prática. Mas essa prática precisa vir com presença e disponibilidade afetiva do outro em sentir o bebê, cuidando para oferecer o que o bebê precisa
Para isso, é importante que a mãe possa também confiar. Entendendo que quando o bebê nasceu a mãe também precisou conhecer e aprender sobre como o bebê gosta de ficar no colo, como prefere adormecer, entre outras, e o pai ou outro cuidador precisa de tempo de “treinamento” também.
"O que é a hora da bruxa e o que posso fazer para aliviar?"
A "hora da bruxa" costuma ocorrer entre o final da tarde e o início da noite, quando tanto o cuidador quanto o bebê estão mais cansados e com níveis de cortisol elevados devido ao estresse do dia. Esse momento de maior agitação pode estar relacionado ao aprendizado e à adaptação do bebê ao longo do dia.
Para aliviar, tente usar um sling ou carregador ergonômico para ajudar o bebê a relaxar e cochilar. Um passeio ao ar livre, em meio à natureza, pode ajudar a regular o ciclo circadiano. Em casa, uma música tranquila, acompanhada de movimentos suaves, como caminhar ou dançar, pode ajudar o bebê a se acalmar. Além disso, acionar a rede de apoio para que a mãe faça uma pequena pausa pode ser muito útil nesse momento.
"Como identificar se meu pequeno é um bebê high need?"
O termo "high need" foi criado pelo pediatra William Sears para descrever bebês que demandam atenção constante. Um bebê high need chora frequentemente, precisa de muito colo, contato físico e mamadas constantes, mesmo quando suas necessidades básicas, como alimentação, troca de fraldas e sono, foram atendidas. Eles também podem ter dificuldade em dormir por longos períodos.
Nos primeiros meses, o bebê passa pela exterogestação, um período de adaptação à vida fora do útero, o que pode aumentar a necessidade de contato e conforto. É importante ter paciência e cuidado ao rotular o bebê como "high need", pois isso pode interferir na conexão e disponibilidade emocional nos primeiros meses.
"Como e à partir de qual idade posso começar a introduzir noções de limite e disciplina para o bebê?"
Do ponto de vista emocional, o bebê, até por volta dos 8-10 meses de vida, se sente um só com sua mãe/cuidador principal.
A noção de limite começa a se dar então quando ainda estão pequenos. Quando a mãe ou cuidador principal volta ao trabalho por exemplo ou quando regula amamentação que deixa de ser ofertada em livre demanda
Conforme crescem, precisamos num primeiro momento demonstrar os limites, como por exemplo, redirecionando o bebé/criança para algo que não seja arriscado, isto é, demonstrando isso ao bebe e não apenas com a verbalização ou um comando.
"Como a gente pode diferenciar o baby blues da depressão pós parto?"
O baby blues é uma condição considerada normal, uma tristeza considerada comum no primeiro ou até no máximo segundo mês do bebê.
Também é importante, ainda que no primeiro mês de vida do bebê, considerar a frequência e intensidade dos sintomas, e se houver dúvidas, procurar ajuda profissional
Passado esse primeiro momento e persistindo os sintomas, pode ser necessária uma avaliação profissional específica para verificação de um possível quadro de depressão pós parto.