Natália D’Angelo
Nutricionista materno-infantil
Nutricionista, formada pelo Centro Universitário São Camilo de São Paulo, com especialização em nutrição materno-infantil e nutrição funcional, com ênfase em gastronomia funcional. Dedica-se a promover a saúde e bem-estar de mães e crianças, aliando conhecimento científico com práticas alimentares saudáveis e funcionais.
Perguntas respondidas
"Como devo lidar com a recusa alimentar do meu bebê? Quais estratégias usar?"
Sabe-se que cada bebê tem seu próprio ritmo, e muitos consomem pouco volume nos primeiros meses de introdução alimentar. No entanto, se houver dificuldade em sentar no cadeirão, tocar os alimentos, abrir a boca, engolir ou se envolver no processo de alimentação, é importante buscar uma avaliação para garantir que as orientações e melhores práticas na introdução alimentar estejam sendo seguidas corretamente.
"Por que não posso oferecer doces antes dos 2 anos?"
Até os 2 anos, as crianças estão formando o paladar. Nesse período, elas são mais curiosas e aceitam melhor os alimentos oferecidos. Por isso, devemos aproveitar para estimular o consumo de alimentos importantes para o crescimento e desenvolvimento, como cereais, carnes, legumes, verduras, tubérculos, leguminosas e frutas, além de introduzir sabores como salgado, amargo e azedo. Oferecer açúcar nesse período pode estimular a preferência pelo doce, o que pode resultar em maior seletividade alimentar, obesidade, diabetes, entre outros problemas. Lembre-se de que a criança não conhece o sabor doce, exceto o das frutas, e quanto mais retardarmos sua introdução (mesmo após os 2 anos), melhor será para evitar essa preferência.
"Como fazer a introdução dos alimentos alergênicos?"
Na introdução alimentar, é comum surgirem dúvidas sobre o risco de determinados alimentos causarem alergias. A recomendação atual é que a introdução de alimentos alergênicos não seja adiada e que se aproveite a janela imunológica para oferecê-los ao bebê.
A janela imunológica é o período entre 6 e 9 meses, considerado ideal para introduzir alimentos como ovos, peixes, frutos do mar, castanhas, trigo (glúten) e leite. Isso não elimina o risco de alergias, mas reduz as chances em comparação com a introdução mais tardia desses alimentos.
"Quando posso começar a usar sal e quais temperos podem ser usados como substitutos?"
O sal pode ser introduzido na alimentação do bebê após 1 ano de idade, e sempre em pequenas quantidades. Antes disso, é recomendado usar temperos naturais, como cebola, alho e alho-poró, temperos em pó de sabor suave, como cúrcuma e páprica doce, além de folhas frescas, como salsinha, cebolinha, manjericão e coentro. Temperos desidratados, como alecrim e orégano, também são ótimas opções. Evite temperos muito fortes e picantes, como pimentas, curry e lemon pepper, pois podem ser muito potentes para o paladar do bebê que está iniciando o contato com os alimentos.
"Por que não é recomendado oferecer papinhas?"
Nas papinhas, os alimentos são cozidos e processados juntos, seja no liquidificador, peneira ou amassados, o que faz com que os sabores se misturem. Isso impede que o bebê aprenda a reconhecer o sabor natural de cada alimento. A introdução alimentar é um momento em que as crianças são curiosas com a alimentação e levam tudo à boca, assim devemos aproveitar este momento para que o bebê conheça cada um dos alimentos, suas texturas e sabores separadamente.
"Posso oferecer alimentos sólidos mesmo que meu bebê ainda não tenha dentes?"
Sim, é possível oferecer alimentos sólidos mesmo que o bebê ainda não tenha dentes. O importante é garantir que o alimento seja cortado corretamente e preparado com a textura e ponto de cozimento adequados. Além disso, o bebê deve estar sentado a 90 graus em uma cadeira de alimentação apropriada. A gengiva é capaz de macerar os alimentos de forma eficiente, desde que essas condições sejam respeitadas.
"Por que é importante manter a amamentação durante a introdução alimentar?"
Mesmo após o início da introdução alimentar, o leite materno ou a fórmula continua sendo o principal alimento do bebê até o primeiro ano de vida. Isso significa que, no início desse processo, os alimentos devem ser apresentados de forma gradual, respeitando o ritmo de cada bebê e permitindo que ele explore e crie uma boa relação com os alimentos. Por volta de 1 ano, o bebê naturalmente começará a comer mais alimentos sólidos, tornando a comida mais importante para sua rotina alimentar do que o leite.
"Quando iniciar a introdução alimentar do bebê? Quais são os sinais de prontidão?"
Existem dois pontos fundamentais a serem avaliados antes de iniciar a introdução alimentar: a idade de 6 meses e os sinais de prontidão.
Todos os bebês nascidos a termo devem atingir 6 meses para começar a comer. Para os bebês prematuros, utilizamos a idade corrigida para determinar o momento certo. Essa recomendação é válida tanto para bebês amamentados no peito quanto para aqueles que recebem fórmula.
Quanto à prontidão física, é importante verificar alguns sinais que indicam que o bebê está realmente pronto para iniciar a alimentação, uma vez que a idade sozinha não considera o desenvolvimento físico. Os principais sinais de prontidão são:
Conseguir sentar com mínimo apoio.
Demonstrar interesse pelos alimentos quando observa adultos comendo.
Levar brinquedos e objetos à boca.
Ter controle da cabeça e do pescoço (controle cervical).
Redução do reflexo de protrusão da língua (diminuir o ato de colocar a língua para fora da boca constantemente).
"É possível fazer algum tipo de restrição calórica para perda de peso durante a amamentação?"
Na fase de lactação, a demanda nutricional é muito alta. Em casos específicos, se houver indicação para restrição calórica, ela deve ser mínima e sempre acompanhada por um nutricionista, para garantir que a densidade nutricional do leite não seja prejudicada.No entanto, de forma geral, a perda de peso não deve ser o foco nesse período. O ideal é ajustar a ingestão de nutrientes e calorias conforme as necessidades da lactação, que são diferentes das do período gestacional. Com o tempo, isso ajudará a retornar ao peso pré-gestacional de maneira natural. Mas lembrem-se, dê tempo ao seu corpo, mantenha uma alimentação equilibrada e amamente, a perda de peso ocorrerá gradualmente.
"Quais alimentos devem ser evitados pela mãe para prevenir cólicas no bebê?"
Não há um alimento que precise ser excluído por todas as mulheres durante a amamentação para evitar cólicas no bebê. No entanto, é importante observar cada caso individualmente, já que certos alimentos podem piorar as cólicas em alguns bebês. Algumas mães relatam uma piora ao consumirem alimentos gordurosos, industrializados, doces ricos em açúcar, como chocolates, ou preparações com feijões. A dica é prestar atenção e tentar identificar quais alimentos podem estar agravando o desconforto do seu bebê.